O Tráfico de Pessoas reflete o modo
como a sociedade se organiza e os valores que a norteiam. Tudo é passível de
venda, de comércio, essa é a lógica do capital, essa é a lógica que orienta a
rede do tráfico de seres humanos.
Toda essa relação de exploração reflete
claramente que este tipo de tráfico é uma das maiores expressões da ação
ofensiva do sistema capitalista na vida dos trabalhadores, que precisando
sobreviver, são submetidos a condições de migração e trabalho degradantes. Esta
situação tende a se agravar em períodos de crise, uma vez que a exploração da
classe trabalhadora como um todo aumenta nestas circunstâncias e as respostas
do capital são mais ostensivas.
O Projeto Profissional dos assistentes
sociais cujos valores e diretrizes são progressistas, democráticos, alinhados
com os interesses da classe trabalhadora e conflitantes com as diretrizes
impostas pelo projeto societário capitalista contribui com a reflexão das
contradições postas pela ordem instituída e, sobretudo engendra em seu
horizonte a perspectiva de construção de uma nova ordem societária.
Deste modo, uma vez que os assistentes
sociais assumem um compromisso explícito com a classe trabalhadora, é
fundamental estar alinhado aos debates que a afetam, como o tráfico de seres
humanos. Um dos principais fatores que expressa a confluência da ação do
assistente social com este debate é representado nos princípios fundamentais
que norteiam a ação do assistente social, ao assumir a defesa
intransigente dos direitos humanos e a recusa do arbítrio e do
autoritarismo, conforme previsto no Código de Ética desta profissão desde 1993.
Esta afirmação ética evidencia para a
rede de enfrentamento ao tráfico de seres humanos a grande importância e
contribuição deste profissional na defesa e ampliação dos direitos humanos e
fundamentais imprescindíveis ao fortalecimento da prevenção e assistência as
vitimas desta ação perversa e criminosa, tornando estes profissionais
sujeitos fundamentais para o fortalecimento do enfrentamento e debate sobre o
Trafico de Pessoas nos diversos setores que atuam.
Embora em muitos casos a prática
profissional seja constantemente tensionada pelo poder hegemônico ao exercício
contrário do projeto ético-político, o assistente social deve reafirmar seu
comprometimento a este projeto, potencializando sua atuação e sua importância
enquanto profissional capaz de demandar respostas às necessidades humanas.
Diante de um contexto de mudanças
presentes na sociedade contemporânea, com transformações no mundo do trabalho
derivadas da reestruturação produtiva passou a ser necessário, segundo Iamamoto
(1996), repensar o fazer profissional do Assistente Social, embora ainda seja a
questão social o objeto de intervenção.
O objeto de trabalho (...) é a questão social. É ela em suas múltiplas expressões, que provoca a necessidade da ação profissional junto à criança e ao adolescente, ao idoso, a situações de violência contra a mulher, a luta pela terra etc. Essas expressões da questão social são a matéria-prima ou o objeto do trabalho profissional (2000, p.62).
O Trafico de Pessoas é expressão da
Questão Social e um grande ataque a dignidade dos seres humanos. Suas causas
encontram raízes em uma sociedade marcada pela desigualdade de distribuição de
renda, a falta de serviços públicos de qualidade e abrangentes, na
desarticulação de políticas sociais e na opressão das mulheres.
Logo, para atender demandas sociais
como as que emergem com Tráfico de Pessoas e ampliar as possibilidades de seu
enfrentamento, o assistente social deve estar atento à realidade para atuar na
formulação e avaliação de propostas de políticas sociais. Sendo também
um importante mediador no processo de universalização destas políticas e
na defesa dos direitos sociais comprometidos com a classe trabalhadora e
que possam ser acessados por ela.
É essencial também a produção de conhecimento em Serviço Social. Um dos maiores desafios que o Assistente Social vive no presente é desenvolver sua capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de trabalho criativas e capazes de preservar e efetivar direitos, a partir de demandas emergentes no cotidiano. Enfim, ser um profissional propositivo e não só executivo (IAMAMOTO, 2000, p. 20).
É decifrando a realidade dura, porém
real do Tráfico de Pessoas e contribuindo para a construção de mecanismos que
possibilitem seu enfrentamento, como as politicas sociais e os movimentos
sociais, que se irá poder efetivar o direito de viver dignamente e livremente
de milhares de seres humanos.
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